Bem-vindo à ABTOS!

Nossa história foi contada por Paulo Atallah em seu livro intitulado Vírgula.
Paulo, um amigo encantado com a forma como vivemos e vemos o mundo, compartilhou sua perspectiva.

A história do Pedro.

Nascido em uma família conservadora, Pedro, aos dezenove anos, percebeu que não queria seguir os mesmos caminhos de trabalho que sua família ou os amigos deles. Viver em São Paulo, trabalhar muito sem gostar do que fazia, conviver com o stress diário, eram escolhas que ele não queria. Com certeza, a vida em uma cidade menor, talvez fora do Brasil, seria melhor e desafiadora. Antes, porém, era preciso passar por esta vírgula, o que compreendia: fazer um laboratório, estudar algo prático, aprender inglês e morar sozinho. Superada a vírgula, viria o momento de decidir para onde ir.

"Sair de São Paulo foi fácil! Morar lá é que estava difícil!"

Escolheu uma cidade no litoral catarinense, Itajaí, onde morava um casal de amigos de seus pais. Uma cidade com outro ritmo e contato intenso com a natureza. Mudou-se e foi morar sozinho, quase sem dinheiro. Depois de alguns trabalhos, fez um estágio em uma empresa de organização de formaturas. Apareceu um curso de audiovisual que ele topou fazer, sem saber bem do que se tratava. Iniciou, em seguida, um estágio em uma produtora de vídeo e cursos de inglês e computação. Suas movimentações na cidade eram todas de bicicleta. Houve vários imprevistos que, ao final, davam certo.
Finalmente, chegou a hora de ir embora do Brasil. A escolha do destino foi por eliminação: Estados Unidos, nem pensar. Inglaterra e Irlanda também não. Austrália sempre soou bem. Escolheu uma cidade isolada onde podia conviver com pessoas de várias nacionalidades e culturas. E assim foi para Perth, que fica no lado oeste da Austrália, isolada, pouco conhecida e ótima de se viver. Em Perth, Pedro trabalhou fazendo a limpeza de tijolos de demolições; na reciclagem de colchões abandonados na cidade e, depois, como caixa e estoquista de um pequeno supermercado, por mais de três anos. Em seguida, foi para um restaurante italiano onde lavava louça e então mudou-se para outro como garçom. Em paralelo, como freelancer, trabalhou em videografia, filmando casamentos e vídeos institucionais. Estava há dois anos em Perth quando conheceu a Rafa, recém-chegada do Brasil, e se aproximaram. Ela veio com um "violão embaixo do braço" e começaram a tocar, cantar e compor juntos.
Durante os sete anos que passou em Perth, Pedro completou seu curso de inglês e tornou-se fluente no idioma. Em seguida, ele ingressou e concluiu um curso técnico de Comunicação e Televisão na TAFE. Não satisfeito, Pedro começou a estudar para um diploma em Business (Negócios), seguido por um diploma em Gerenciamento de Projetos e, finalmente, um diploma avançado em Liderança e Gestão na escola de negócios e tecnologia NIT. Ele concluiu todos esses estudos com sucesso.
Mas, depois de sete anos em Perth, Pedro decidiu passar um tempo no Brasil para ver seus pais. No caminho, quis conhecer a Tailândia por poucos dias e, de repente, o Brasil fechou suas fronteiras, pois era o início da pandemia. Ficou preso na Tailândia. Combinaram, e a Rafa foi encontrá-lo.

A história da Rafa.

A Rafa é engenheira civil formada no Mackenzie. Começou a estagiar logo no início da faculdade na "Método Engenharia". Formada, foi efetivada e trabalhou com dedicação por mais dois anos. Com o setor em crise, foi demitida. Triste e sem vontade de procurar outra construtora para trabalhar, passou dias numa vírgula, refletindo e conversando com conhecidos mais experientes. Tinha vinte e três anos e nunca tinha pensado em sair do Brasil, até então. Em trinta dias, estava com a viagem fechada. Foi o tempo de resgatar o fundo de garantia, comprar a passagem e pegar o voo para a Austrália. Morou com amigos, se sentiu independente, aprendia coisas todos os dias, conheceu pessoas... tudo novo e desafiador. Aprendeu a gostar de não saber o que vai fazer no dia seguinte, ou o que jantar amanhã.

"Pensava sempre que alguma coisa boa ia acontecer, e eu estaria ali."

E aconteceu. Conheceu Pedro, uma alma livre e centrada. Juntos, viveram dias com pessoas novas e desafios novos. A cada experiência, agregavam conhecimentos. A Rafa diz:
"Se for trabalhar na cozinha de uma pizzaria, dou show! Aprendi a abrir a massa, colocar, girar e tirar a pizza do forno. É um trabalho muito legal: a logística da operação, o trabalho em grupo, o agir rápido. Lá não tem engenharia que aguente."
Depois de cinco anos em Perth, concluiu todo o curso de inglês, tornando-se fluente na língua, além de ingressar e concluir um diploma em Business (Negócios) e um diploma avançado em Liderança e Gestão, também em uma escola de Business e Tecnologia. E então, Rafa foi encontrar o Pedro na Tailândia.
Na chegada em Bangkok, foi obrigada a fazer uma longa quarentena, sozinha, num hotel. Eram as novas regras de proteção da Tailândia. Não sabia o idioma, nem mesmo quem estava no quarto ao seu lado. E assim começou uma nova vírgula, que ela soube aproveitar.
A nova vírgula, nos primeiros momentos, parecia que seriam umas gostosas férias. Cama grande, cafés, chás, internet tudo à vontade, a comida que pedisse, além de Netflix, HBO, e um pequeno computador. No terceiro dia, pensou: vou surtar! Buscou uma atividade que fosse útil durante este tempo. Fez ioga, exercícios, meditação, varria o quarto dez vezes por dia, leu livros, zerou "Friends". O tempo foi ficando lento. Falava com os pais todos os dias e usava um puzzle matemático que a obrigava a pensar e encontrar soluções. E nesta vírgula, encontrou: "Vou começar uma nova carreira." Se registrou para poder ensinar português online. Atendeu à burocracia e obteve o direito de dar aulas. Era um dos únicos serviços que poderia fazer na Tailândia. E foi muito legal. Conheci pessoas de vários países, de várias idades. Gente que precisava praticar o português, e outros que não sabiam nada do idioma. Tive um aluno americano que saiu do zero e, em quatro meses, foi para o Brasil, falando fluentemente, conhecer a família da namorada dele. Que experiência maravilhosa.

Rafa e Pedro juntos

Juntos, Pedro e Rafa foram parar numa fazenda de café como voluntários para ajudar a cuidar do local. Ali se juntaram a um grupo de jovens estrangeiros e permaneceram durante a pior fase da Covid-19. O grupo quase não saía de casa e se entendia bem. Praticavam esportes e passavam a maior parte do tempo juntos, parecendo estar numa colônia de férias enquanto o mundo sofria com a Covid. Quando havia sinal no celular, ficavam apavorados com as notícias de seus países de origem. Quando os entrevistei, Rafa e Pedro haviam se mudado para um lindo resort numa ilha paradisíaca, onde eram voluntários em troca de moradia e alimentação, cuidando das comunicações digitais da empresa. Trabalhavam no quarto, em marketing, a nova paixão do casal. Diz a Rafa: "São planilhas, análises, gráficos. Estudei engenharia e tudo me é muito familiar, tem lógica. Tenho que aprender bastante e quero ser fera em marketing digital. Tomar sol na laje, conferir armações e ferragens... nunca mais."

A cada vírgula que a vida lhes impõe, eles respondem com energia e atitudes renovadoras. Se reinventam sorrindo, todos os dias. Pouco depois, veio uma mensagem contando que estavam, a trabalho, em Omã, e de lá foram para o Egito. Do Egito, para o Brasil ver pais e amigos. E depois para um lugar onde coisas boas irão acontecer. Quando perguntei ao Pedro sobre sua visão de longo prazo, ouvi: "Sessenta dias, este é nosso longo prazo, pois é quando vence o visto daqui. E até lá podem surgir novos projetos, novos lugares. No futuro, caso queiramos comprar passagens para o Brasil, decidimos duas semanas antes da partida e vamos.” Hoje, Rafa e Pedro são "nômades digitais". Onde e quando estiverem, trabalham e vivem da prestação de serviços online. O mundo é o seu local de trabalho e de vida. A letra de "Diz que fui por aí" foi feita para o casal: "Se alguém perguntar por mim, diz que fui por aí, levando o violão debaixo do braço. Em qualquer esquina eu paro, em qualquer botequim eu entro, se houver motivo, é mais um samba que eu faço."

"Nossa vida é leve e equilibrada, pois aprendemos a harmonizar o trabalho com a vida pessoal para alcançar nosso bem-estar. A ABTOS é o reflexo desse equilíbrio, dedicada a ajudar outros a trilharem o caminho da autodescoberta e do crescimento pessoal, enquanto desfrutam de uma vida tranquila e cheia de significados."

Convidamos você a se juntar a nós nesta aventura em direção a uma vida leve!